quinta-feira, 21 de março de 2013

PODCAST - 14/03



Por @cambio_losanoff

Estão abertas as veias rrrrock da América Latina! Ouça na Rádio Cocoa o programa CAMB¡O, o melhor do novo rock e pop ibero-americano. Produzido e apresentado por este que vos tecla, buscando uma maior integração entre os países latino-americanos, usando a música independente como instrumento.

Nesta edição do CAMB¡O, bandas de toda América Latina, Espanha e Portugal. Ao fundo (de BG*), rolam temas clássicos da "Ternurinha" Wanderléa, musa da Jovem Guarda brasileira.

Ouça AQUI.

**** en español ****

Estan abiertas las venas rrrrock de América Latina! Escucha en Radio Cococa el programa CAMB¡O, lo mejor del nuevo rock y pop iberoamericano. Producido y presentado por el periodista brasileño Marcus Losanoff, desde Río de Janeiro, buscando una mayor integración entre los países latinoamericanos, utilizando la música independiente como instrumento.

En ésta edición del CAMB¡O, bandas de toda América Latina, más España y Portugal. Al fondo (BG*) suenan temas clásicos de Wanderléa, la musa de la jovem guarda brasileña.

Escucha AQUÍ.


**** playlist ****
 
1- Exilio – Perrosky (Chile)
2- Costa Rica – Francois Peglau (Perú)
3- Racional – El Perrodiablo (Argentina)
*BG: Prova de fogo – Wanderléa
4- Labios de Molly (cover de Vaselines) – Los Mundos (Mexico)
5- Ready for the haze – Top Surprise (Brasil)
6- Eles não nos deixam aprender – Cochaise (Portugal)
*BG: Atende-me – Wanderléa
*BG: Não lhe quero nunca mais – Wanderléa
7- Plastic Woman – Los Amigos Invisibles (Venezuela)
8- Funkstein – Comunidade Nin-Jitsu feat. Marina Gasolina (Brasil)
9- Safari espiritual – Illya Kuryaki & The Valderramas (Argentina)
*BG: É tempo do amor – Wanderléa
10- La flotadera – Hello Seahorse! (Mexico)
11- La melodía del afilador - Pegasvs (España)
*BG: Acho que vou lhe esquecer – Wanderléa
12- Los daños - Franny Glass (Uruguay)
13- Todo lo que pasó está bien – Lucila Inés (Argentina)
14- Dos bandos – Nacho Vegas (España)
*BG: Pare o casamento – Wanderléa
*BG: Um quilo de doce – Wanderléa
 

sexta-feira, 15 de março de 2013

ESPEC¡AL V¡VE LAT¡NO - 13 BANDAS QUE MERECEM A SUA ATENÇÃO



Por @cambio_losanoff

Começa nesta sexta-feira a 14ª edição do Festival Iberoamericano de Cultura Musical Vive Latino, realizado na Cidade do México desde 1998, no espaço de eventos conhecido como Foro Sol.

O VL é considerado um dos maiores festivais de rock da América Latina, tendo recebido em sua história grandes nomes da música no continente, como Café Tacvba, Los Fabulosos Cadillacs, Charly García, Aterciopelados, Molotov entre outros.

Para esta edição foram confirmadas 126 bandas de vários países (infelizmente nenhuma do Brasil), apresentando-se entre os dias 15 e 17 de março em 4 palcos diferentes. Na verdade são 125, após o anúncio oficial de que o cantor britânico Morrissey havia cancelado sua participação por motivo de saúde.

E entre as diversas atrações do lineup (encabeçado por Blur, Yeah Yeah Yeahs e a volta dos Cadillacs), CAMB¡O destaca 13 bandas que merecem atenção especial no festival. 

Mas antes, não custa lembrar que o Vive Latino será transmitido ao vivo, podendo ser acompanhado AQUI , AQUI ou AQUI. Ou também buscando as hashtags #ViveCocaTV e #OperacionVL no twitter. 

Nos 3 dias de festival, o primeiro show começa sempre às 17:00 (horário de Brasília).

Agora sim, as bandas:


** 15 / 03 **


1- PEGASVS

Mesmo com o cancelamento de Moz, o primeiro dia do Vive Latino está garantido. A elogiada dupla hispano-argentina Pegasvs se apresenta às 14:20 (17:20 de Brasília) no Escenário Unión Indio e promete.



2- JUAN CIREROL

O bardo mexicano vem ao VL trazendo nas costas (além de seu violão) o belíssimo disco novo Haciendo Leña. Supracitado no Blog e bastante tocado na versão webradio do CAMB¡O, Cirerol já foi visto ao vivo por este que vos tecla em outro festival e as chances deste ser um dos grandes shows do dia 15 são enormes.




3- FRANÇOIS PEGLAU

O cantautor peruano é ex-integrante da clássica banda de rock Los Fucking Sombreros e vem construindo uma consistente carreira solo desde então.




4- LOS ROMÁNTICOS DE ZACATECAS

Banda de rock mexicana totalmente inserida no que se habituou chamar de 'rock anos 00'. Sem grandes pretensões estéticas ou floreios, vai direto ao ponto: canções em sua maioria curtas, urgentes e muito bem realizadas.




** 16 / 03 **

5- KCHIPORROS

Representando o Paraguai no festival, a banda de Asunción abrirá o palco chamado Escenario Indio, no sábado, segundo dia de Vive Latino. O som é uma excelente mistura de cumbia com ska, reggae, ragga, fanfarra e o escambau. Kchiporros está lançando seu novo disco Sr. Pombero e é bastante aguardado ao vivo - pelo menos aqui no CAMB¡O.



6- FRANNY GLASS

Projeto solo do cantautor uruguaio Gonzalo Deniz (que mantém ainda a ótima banda Mersey) é calcado no folk de viés mais contemplativo e necessita o mínimo de atenção do espectador Algo que em um festival grande e com atrações simultâneas como o Vive Latino pode vir a se tornar tarefa difícil. Mas os que se dispuserem a conhecê-lo certamente não irão se arrepender. Gonzalo é craque.



7- DORIAN

Do folk uruguaio para o electropop espanhol. Dorian estourou em 2007 com o mega hit Cualquier otra parte e desde então vem se consolidando no cenário independente nacional. A banda catalã acaba de lançar seu novo álbum, La Velocidad del Vacío, e deve fazer os mexicanos bailaren muito na noite de sábado.



8- CARLA MORRISON

Rivalizando com a banda espanhola, no mesmo horário, estará a cantante mexicana responsável por um dos discos mais aclamados do ano passado, Déjenme Llorar, que marcou presença na maioria das listas de "melhores de 2012" dos sites e blogs especializados. Carlita tem voz doce, letras românticas e sofridas e sua música é um folk-pop sensível. Momento triste-fofinho do VL pintando. <3






** 17 / 03 **


9- BOMBA ESTÉREO

Banda colombiana acostumada a fazer shows memoráveis (inclusive no Brasil, onde já esteve mais de uma vez) deve obrigar quem estiver no Escenario Indio a chacoalhar muito ao som da infalível cumbia sicodelica. Li Saumet é muito boa de palco e esbanja carisma com seu caribbean power.



10- MONSIEUR PERINÉ

Mais uma banda colombiana que já esteve no Brasil e também neste Blog. O estilo aqui, segundo os próprios músicos, é swing gitano (suíngue cigano), uma mescla de salsa, cumbia, bolero, rumba, jazz e bossa nova. E a exemplo do que aconteceu com a mexicana Carla Morrison, Monsieur Periné viu o seu álbum Hecho a Mano (2012) ser incensado por diversos veículos, dentro e fora de seu país - e com razão. É um discaço. E quem já os assistiu ao vivo garante: é um showzaço.



11- GEPE

O chileno se rendeu de vez ao pop no seu mais recente disco (GP - 2012) e o fez com maestria. Compôs um punhado de temazos que agora poderá testar com o público do Vive Latino e saber o quanto eles funcionam em um festival deste porte. Eu arrisco dizer que Gepe será muitíssimo bem sucedido em seu intento.



12- EL MATÓ A UN POLICÍA MOTORIZADO

Sim, os sócios de carteirinha do CAMB¡O não poderiam faltar. Parece a minha lista de melhores de 2012 mas é apenas o ótimo cartel do Vive Latino, que acerta em cheio ao trazer esta grande banda. Os argentinos tocam domingo, às 21:25 (00:25 de Brasília), levando todo o seu magnetismo para o palco Carpa Danup. E na mesma hora que o El Mató, apresentam-se os norte-americanos Silversun Pickups e também - maldade! - os compatriotas Los Fabulosos Cadillacs, que naturalmente vão atrair com justiça todos os holofotes para si. A concorrência é desleal, mas se ali estivesse, não pensaria duas vezes qual banda prestigiaria: El Mató na cabeça, claro. E os que estiverem lá dando essa moral para os platenses certamente não se arrependerão pela escolha que fizeram.



13- EL CUARTETO DE NOS

A veterana banda uruguaia será uma das últimas a tocar no festival. A julgar pelos discos, que são magníficos (sobretudo os três últimos), e pela competência do Cuarteto no palco, a escolha de pôr a banda para praticamente encerrar o VL não poderia ser mais coerente e significativa.



*** OUTROS ***

15 / 03


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quarta-feira, 13 de março de 2013

OVERDOSE DE CAFÉ TACVBA! ENTREV¡STA + RESENHA DO SHOW NO C¡RCO VOADOR


Eu e Meme, Meme e Eu 
[foto: Ana Paula Bragaglia]

Por @cambio_losanoff

Confira abaixo o bate papo que tive com Emanuel "Meme" Del Real, multi-instrumentista da grande banda mexicana Café Tacvba, na noite de 7 de março, no backstage da casa de espetáculos carioca Circo Voador, minutos antes dos músicos subirem ao palco. 

Meme fala sobre a volta dos Tacvbos ao Brasil após 15 anos, da suposta barreira do idioma que nos separa, da proximidade do aniversário de 20 anos do clássico disco Re, dos anos 90 versus 00, do novo trabalho e sobre classificar o inclassificável. 


C¡ - Como vocês têm passado estes dias no Rio? Você foi a alguma loja de discos, por exemplo?


Aqui no Rio ainda não tive tempo, infelizmente... Ontem saímos à tarde, fomos a Copacabana e hoje à praia, depois ao centro. Gostei muito de lá, da Lapa, me lembrou a Cidade do México.

C¡ - E parece que tem um Circo Voador (Circo Volador) na capital mexicana também, né?


Sim, mas acho que o do México não tem muito a ver com este.

C¡ - Pelo menos este Circo carioca onde vocês tocam hoje é uma casa lendária, abriu espaço para bandas de rock que surgiram no início dos anos 80, como Paralamas...

É mesmo? Legal saber disso.

C¡ - Falando nos Paralamas, vocês vieram ao Brasil pela primeira vez em 1997, tocando em São Paulo e também em Porto Alegre, no Festival MTV Tordesilhas. Lá dividiram palco com Paralamas, Illya Kuryaki, Bersuit, Los Tres, Aterciopelados, ou seja, um grande casting, mas lamentavelmente sem um grande público à altura... O que você lembra dessa época?

Bom, sobre os nossos shows, nos divertimos bastante em São Paulo e em Porto Alegre, mas o que acontece é que tanto daqui (do Brasil) pra lá (México) quanto de lá pra cá, existe essa barreira invisível, onde o idioma insiste em nos separar...

  
C¡ - Mas você acha que o problema é mesmo a barreira de idioma? Espanhol e português não seriam línguas "primas"?

Para mim, especificamente, nunca houve barreira de idioma. Desde pequeno sempre escutei música brasileira, ou seja, os 'grandes', Tom Jobim e tal, mas sei que não é fácil... Sempre tudo que nos chega de música precisa passar primeiro pelos Estados Unidos e Europa. Fora a própria música feita por esses países, que chega forte em todo o mundo, incluindo Brasil e México.

C¡ - Shakira, Ricky Martin e outros artistas do 'mainstream latino' fazem muito sucesso no Brasil desde sempre. Os fãs cantam todas as letras em espanhol, inclusive. É claro que graças à internet isso vem mudando a ponto de termos, por exemplo, mais gente para ver vocês aqui hoje do que teríamos há 15 anos. O que você acha?

O que eu acho é que se nós cantássemos em português ou inglês, provavelmente teríamos chegado a mais brasileiros - e bem antes. Em inglês, com certeza. Bom, na verdade não tenho certeza (risos), mas acho que da mesma forma se alguns artistas brasileiros cantassem em castelhano ou inglês, fariam sucesso nos demais países da América Latina.

C¡ - Como Paralamas e Sepultura...

Exato.



C¡ - Agora uma pergunta enviada direto do México pela jornalista, locutora de rádio e amiga Olívia Luna: Não é estranho vermos sempre bandas brasileiras em festivais gringos como South By Southwest e nenhuma no Vive Latino (maior festival de rock da América Latina)?

  
Sim. É algo que me surpreende, pois havendo tanto em comum entre os dois países, como culturas, sociedades, expressões artísticas, não tenhamos tanta relação, pelo menos na música, como nós mexicanos temos com um idioma mais distante, o inglês. Claro, "distante" enquanto línguas, mas sendo vizinhos dos Estados Unidos... já é parte de nós. Mas eu sempre tive a intenção de vir tocar e aqui estamos. Aconteça o que acontecer, desfrutarei muito cada momento.

C¡ - Ano que vem o álbum Re (considerado pela revista norte-americana Rolling Stone o melhor disco de rock latino de todos os tempos) completa 20 anos. Como a banda o vê hoje? Você mudaria alguma coisa neste clássico?

Não mudaria nada. Não me atreveria a meter as mãos em nada, assim como em nenhum dos outros discos que fizemos posteriormente. Claro que há coisas hoje que poderíamos melhorar, mas prefiro fazê-lo em um disco como o nosso que acabou de sair. Senão creio que se perde a inocência e parte da espontaneidade que naquele momento (início dos anos 90) significava buscar identidade e criar algo sem saber o que vai acontecer, como no Re. É um  disco que tem esse fator... de se buscar mais do que canções. É uma procura sobretudo pela composição, que é o que sustenta todo o disco. É construir temas que tenham conteúdo emocional, social e musical. Re foi o primeiro disco que fizemos como projeto, ainda que tenha sido o segundo disco. O primeiro é uma compilação de canções que já vínhamos montando e tocando nos palcos. Selecionamos as melhores e saiu o disco. Re foi o primeiro álbum em que nos disseram "façam canções e vamos gravar" e houve esse primeiro exercício de compôr uma obra.

C¡ - Café Tacvba nasceu no início dos anos 90. A banda sente alguma responsabilidade em ser porta-voz de uma geração? Vocês são cobrados por isso?


Não. Café Tacvba é um grupo que daqui a 2 meses estará completando 24 anos tocando junto e é isso que somos. E somos uma banda também que depois de todo esse tempo segue tentando fazer coisas que nos renovem e, sem pensar no passado, tratando de tirar uma radiografia de nós mesmos, do momento, e deixá-lo marcado no disco. A partir daí, o que vier é lucro. Queremos seguir nossa carreira para aproveitar a vinda ao Brasil, tocar mais, fazer outro disco. E ter a certeza de que ao nos reunirmos, estamos indo por um bom caminho, passo a passo, sem saber o que vai acontecer. Mas também sou consciente do que somos, de que geração pertencemos e não pretendemos ser a máxima novidade dos tempos atuais porque isso não é possível. Há um código de gerações hoje em dia que às vezes eu não entendo... Muitos dos grupos mexicanos, por exemplo, preferem cantar em inglês e isso não me diz nada.

C¡ - Sobre o novo trabalho, El Objeto Antes Llamado Disco (2012), alguns dizem que vocês se aproximaram demais de uma sonoridade synthpop. Qual a sua opinião? E sobre os que tentam classificar uma banda inclassificável como os Tacvbos?

A pessoa sempre precisa buscar referências quando lhe falam de algum grupo ou artista ou estilo que ela não conhece. Ela vai perguntar "é como tal e tal?", sempre pedindo referências catalogando algo para poder entendê-lo. Eu aprecio que a pessoa queira definir algo para ajudar a, quem sabe, digerir melhor aquilo. Mas não nos interessa sermos catalogados em um gênero ou estilo.

C¡ - Sim, nota-se muito isso. Cada disco da banda é uma nova proposta, uma nova viagem.

Nós tentamos, pelo menos. (risos)



C¡ - No youtube já subiram alguns vídeos do show de vocês anteontem (5 de março, em São Paulo) para cerca de 400 pessoas, mais ou menos o público que vocês terão aqui hoje. E Café Tacvba, sabemos, é uma banda acostumada a tocar para grandes públicos. Como é voltar a se apresentar em palcos menores?

Bom, de vez em quando tocamos em lugares não tão grandes. Nos Estados Unidos, por exemplo, quando fazemos turnês, nos apresentamos em clubes pequenos porque às vezes é o que há. E de repente temos vontade de fazer um show gratuito para mais pessoas, a nível massivo, por assim dizer. Mas ter a chance de tocar em um lugar onde, esperamos, muita gente ainda não tenha ouvido Café Tacvba e venha para nos conhecer agora, é um lucro pra gente. Porque nós viemos aqui batalhar e trazer esse pedacinho de inocência que havia no passado, onde cada vez que nos encontrávamos com o público tínhamos que "ganhá-lo", digamos. Quando tocamos no Vive Latino (para 70 mil pessoas, ano passado), pensávamos que a menos que fizéssemos alguma besteira, teríamos simplesmente que subir lá e dar tudo o que tivéssemos.

C¡ - Até porque no Vive Latino o público já estava nas suas mãos...

Sim, claro. É diferente, porque de qualquer forma há muita expectativa e você é obrigado a tentar fazer jus a ela ou superá-la neste tipo de festival. Aqui é: trabalhar canção por canção, tratando de levá-las às pessoas e conquistá-las e isso é muito emocionante. E por ser um show mais íntimo a energia também é diferente. Eu me divirto demais e sei que o grupo sente o mesmo.

C¡ - E nós aqui também. Muito obrigado, Meme. Um ótimo show para todos.



Obrigado. Nos vemos já já.




 **** NOITE DE BAILE NO SALÃO DO CIRCO VOADOR ****

Café Tacvba faz apresentação histórica para entrar na galeria de grandes momentos da lendária casa de shows carioca. 


Após abertura dos brasilienses Móveis Coloniais de Acaju, exatamente à meia-noite sobem ao palco Rubén Albarrán (vocal), Quique Rangel (baixo), Joseldo Rangel (guitarra) e Emanuel "Meme" Del Real  (teclado/guitarra) para encarar um público aproximado de 500 pessoas, entre as quais muitos mexicanos residentes na cidade, colombianos, peruanos, chilenos... e, sim, brasileiros.

A banda inicia o concierto com El baile y el salón, música do aclamado álbum Re (1994). Logo percebe-se uma platéia "ganha", algo que os tacvbos provavelmente não esperavam  já de início. A partir daí os hits foram se sucedendo: Como te extraño mi amor (levada quase inteira em coro pela platéia), Las flores, La ingrata (das mais festejadas de todo o show), até vir Olita del altamar, música do último disco, o ótimo El Objeto Antes Llamado Disco (2012), e que ao vivo ficou ainda mais vibrante e bailable do que na versão de estúdio.


[imagens: La Cumbuca]

Eis que o falante e carismático vocalista Rubén nos lembra que o momento é para todos mexerem o corpo, a senha para a banda engatar uma sequência a todo vapor com Eo e La locomotora (do disco Revés/Yo soy, que recebeu o Grammy de melhor disco de rock latino de 1999) e que em No controles atinge o seu ápice, levando os mais exaltados fãs tacvbos a abrirem animada roda de pogo. 

A platéia, em êxtase, puxa um ole, ole, ole, ole / cafe, cafe que ecoa forte pelo Circo Voador e arranca sorrisos dos músicos mexicanos - que, neste momento, também já estavam "ganhos". Café Tacvba e Rio de Janeiro recém haviam sido apresentados, mas já se sentiam amigos de longa data. 

A banda responde ao afago carioca com Déjate caer, versão dos chilenos Los Tres, que assim como em No controles (originalmente da banda de tecno-pop espanhola Olé Olé) mostra a capacidade do Café Tacvba em reconstruir canções de tal forma que elas acabam se tornando algo novo - e deles. Mais do que versão, é uma completa apropriação da canção. No final, os músicos deixam seu instrumentos de lado, entra uma base pré-gravada e todos os tacvbos, lado a lado, semblante sério e compenetrado (como só os mais debochados sabem expressar), repetem com destreza a coreografia que fizeram para o clipe da música. A torcida, digo, platéia delira e logo ressurge com força o 'coro à la Maracanã lotado' homenageando a banda.

[imagens: La Cumbuca]

 O inspiradíssimo Rubén aproveita para criticar as multinancionais "que tentam nos impôr o seu lixo" e conclamar a união dos povos latinos, pedindo para que a platéia se abraçasse, mesmo os desconhecidos entre si, e é prontamente atendido por muitos, tomados pela energia positiva - quase ecumênica - emanada do palco pelos mexicanos. Uma verdadeira terapia musical.

Começam então os indefectíveis versos tortos de Chilanga banda (outro belo exemplo de apropriação tacvba), seguida pela adrenalizada El fin de la infancia e logo depois, mais um momento mágico: La chica banda. É durante esse tema (do debute homônimo, de 1992), onde Rubén canta que se enamora de uma chica banda, que o show começa a ganhar contornos épicos. De olho nas fãs que marcavam presença expressiva na fila do gargarejo, o vocalista decide içá-las uma a uma para que lhe fizessem companhia. Logo não se via mais banda, apenas o pequeno "duende cabeludo" à frente, cercado por uma dezena de chicas (que estavam em grande número no Circo naquela noite) cantando e dançando animadamente. Um ambiente de "caos" e espontaneidade altamente saudáveis e necessários para qualquer grande (ou pequeno) concerto de rock que se preze. Claro que quem já viu outros shows de Los Cafeta sabe que a prática não foi inaugurada em solo carioca, mas não importa. Quando a música termina,  várias correm para abraçar Rubén, retribuindo-lhe o pedido que o mesmo havia feito a todos poucos minutos antes. Um dos momentos mais bonitos do show, sem dúvida.


[imagens: La Cumbuca]

Era fácil imaginar o que viria em seguida: ole, ole, ole, ole / cafe, cafe...

A banda deixa o palco, mas como é de praxe, todos esperam pelo bis. Ainda mais sabendo que o setlist até ali havia sido idêntico ao de São Paulo. As centenas de vozes já roucas resolvem variar no coro e resgatam os onomatopéicos versos de El baile y el salón, repetindo como mantra pa-pa, pa-pa / e-o, e-o sem parar, até que a banda mexicana voltasse ao palco. Apenas mais um dos muitos momentos inolvidáveis do show.


De este lado del camino, outra do álbum mais recente, é escolhida para inaugurar a parte final do show. Em seguida, vemos Meme deixar os teclados e assumir os vocais de Aprovéchate, mais um lindo tema de El Objeto Antes Llamado Disco. As prometidas duas horas de apresentação já estavam próximas de serem cumpridas, mas ainda havia tempo para cinco músicas, onde se destacavam Eres (bastante pedida  desde o início pela ala feminina do Circo) e Esa noche, que Rubén dedicou às mulheres (fazendo referência, de certo, ao Dia Internacional da Mulher - 8 de março).

[imagens: La Cumbuca]

O derradeiro presente ao público, El puñal y el corazón, dos repetidos versos finais ya no puedo más reverberam pelo Circo dizendo a todos que, sim, acabou. E enquanto os músicos agradecem abraçados no palco, é tocada ao fundo a música Los adolescentes, da banda chilena Dënver (no lineup da última edição do festival El Mapa de Todos, ano passado, em Porto Alegre), que acabou recebendo o acompanhamento de luxo do supracitado (e cantado) pa-pa, pa-pa / e-o, e-o dos incansáveis presentes, formando um inusitado live mashup. Encerramento perfeito para este 7 de março de 2013, noite tão aguardada por muitos, há muito tempo. Um bom exemplo é o relato emocionado do peruano Victor: 

- Vivo no Rio de Janeiro há 16 anos e este é o primeiro show de banda latina que assisto na cidade. Agora que venha Molotov! 

Sim. E que venham muitos mais. Gracias, tacvbos.

quinta-feira, 7 de março de 2013

CAFÉ TACVBA - TOP 15 AFET¡VO




A espera acabou. Café Tacvba está entre nós

Os mexicanos se apresentaram em São Paulo na última terça-feira e hoje se preparam para despejar seus incontáveis hits no lendário Circo Voador, situado na Lapa, Rio de Janeiro -  aka cidade maravilhosamente afortunada por recebê-los pela primeira vez.

E para celebrar o momento histórico, CAMB¡resolveu escolher 15 temazos de diversas fases da exitosa carreira dos Tacvbos. Apenas um aperitivo para o show de logo mais à noite. Que tal? =)

Não há pretensão aqui de se fazer um ranking no estilo lo mejor de. No máximo, podemos chamá-lo de um Top 15 afetivo das músicas que mais ouvi da banda desde que a conheci, há mais ou menos... 15 anos. Sacô? ;)

Ouçam, divirtam-se, discordem, façam sua própria lista e nos vemos todos no Circo para cantarmos juntos, abraçados e borrachos madrugada adentro alguns dos grandes hinos do rock latino nos últimos 20 anos.


Pra começar, uma faixa roqueira do álbum Cuatro Caminos (2003), o quinto da banda.

15 - Que pasará (Cuatro Caminos):




Esta é do disco Revés/Yo Soy, premiado em 1999 como melhor álbum de rock pelo Grammy Latino. A hipnótica levada de piano é um dos pontos altos deste musicão.

14 - La locomotora (Revés/Yo Soy):



A lista bem que poderia ser um Top 35, só para poder agregar todas as 20 do clássico segundo álbum Re (1994). É simplesmente perfeito.

13 - Las flores (Re):



Do terceiro disco de los Cafeta, Avalancha de Éxitos (1996), só de covers - na verdade, releituras - de artistas hispanohablantes. Neste caso, pegaram um açucarado tecno-pop espanhol dos anos 80 (da banda Olé Olé) e o transformaram em uma espécie de heavy metal acústico insano. Uma das primeiras músicas que ouvi da banda.

12 - No controles (Avalancha de Éxitos):



A letra já começa com um irresistível convite/ordem: Toma tus cosas y vámonos ya. O embarque é imediato. Aproveite. O tempo é curto. São apenas 4:04 de deliciosa viagem sonora. É das mais bonitas de los Cafeta, do disco Sino (2007), o sexto deles.

11 - Vámonos (Sino):



A primeira música que logo me chamou a atenção ao ouvir o novo trabalho, El Objeto Antes Llamado Disco (2012). Ótimo synthpop, altamente bailable, e com belíssimo vídeo filmado no Peru.

10 - Olita del altamar (El Objeto Antes Llamado Disco):



Aqui los Tacvbos estão mais selvagens do que nunca. Tema clássico do primeiro disco homônimo, de 1992.

09 - Rarotonga (Café Tacvba):



Mais uma do disco de versões Avalancha de Éxitos. No início, a métrica vocal de Rubén Albarrán não se encaixa com a batida e tudo parece confuso, estranho... e essa é a intenção. Mas logo entra uma sinuosa e envolvente linha de baixo e quando você se dá conta... já está bailando tibiritabara.

08 - Chilanga banda (Avalancha de Éxitos):



Outra pequena amostra da versatilidade dos mexicanos neste maravilhoso tema de fossa, que faria de Lupicínio Rodrigues um fã imediato e incondicional da banda: están todas las paredes llenas con pedazos de mi piel...

07 - Desperté (Cuatro Caminos):



Provavelmente a canción mais roquenrrrol - na acepção da palavra - já gravada pelos mexicanos. As guitarras predominam. É simples, urgente e muy eficiente. O refrão? Uma onomatopéia gritada em coro, claro. Eo,eo,eo,eo,eo... 

06 - La pinta (Re):



Seguindo no rrrrock, mais uma canción urgente no melhor estilo Tacvba de compôr.

05 - Cierto o falso (Sino):



Esta não poderia faltar. Albarrán se esforça pra nos convencer de que não quer sua ex-amada de volta e a gente finge que acredita. Mais um hit sensacional desta inclassificável banda.

04 - Ingrata (Re):




Sim, os Tacvbos são densos, melancólicos, ácidos, mas também são - e como! -  românticos. A baladinha sessentista do cantor argentino Leo Dan é transformada aqui em um delicioso skazinho com altíssimos níveis de glicose. Inolvidável.

03 - Como te extraño (Avalancha de Éxitos):




No me hubieras dejado esa noche, porque esa misma noche encontré un amor...

02 - Esa noche (Re):



E pra fechar: La vida es un gran baile y el mundo es un salón...

01 - El baile y el salón (Re):