quinta-feira, 27 de outubro de 2011

VALLE DE MUÑECAS E O PRETÉR¡TO-MA¡S-QUE-PERFE¡TO

Não se iluda: esse careca tem muita coisa na cabeça


Atenção, amiguinhos! 

Aqui está uma banda que faz rock de pegada pop com qualidade e estilo. Acredite, apesar da grande oferta que temos hoje, são poucas as que conseguem tamanha proeza.

Valle de Muñecas é da Argentina, formada em 2003, das cinzas dos grupos Menos que Cero e Plaimobyl

Liderada pelo vocalista e guitarrista Mariano "Manza" Esain (que fez parte do trio Flopa Manza Minimal e já tocou com metade do rock argentino) lançou este ano seu terceiro rebento, La Autopista Corre del Oceano Hasta el Amanecer.

A bolachinha abre com La Soledad no es una herida, um temazo que te pega já nos primeiros segundos. 

Gotas en la frente chega transbordando romantismo com um estribilho que diz:

Todas las ventanas de la casa / tan abiertas para / que circule como brisa / tu presencia (todas as janelas de casa estão abertas pra que circule, como brisa, a sua presença).

Um disco orgânico, feito com paixão e cuidado, tanto nas letras quanto nos arranjos; nada de canções fracas e/ou preguiçosas.


Os portenhos inclusive desconstroem um certo tempo verbal, pois se trata de um álbum mais-que-perfeito - mas sem soar datado, como supõe o referido pretérito.

E tem aquela cara de álbum mesmo, não apenas um punhado de singles descartáveis, algo tão comum nesta geração pós-strokes.

Pensando bem, La Autopista... do Valle de Muñecas faz jus sim ao pretérito-mais-que-perfeito quando nos damos conta de que estamos diante de um disco de rock à moda antiga, desses que não se fazem mais hoje em dia.

Também por isso, essencial. 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

ANDY MOUNTA¡NS: POP BÊBADO DE ALEGR¡A


Borrachos de alegria

Andy Mountains é uma dessas maravilhas que te tiram da inércia numa segunda-feira chuvosa.

Projeto dos músicos mexicanos Andrés (voz e violão), Ernesto (violão/guitarra), Pepe (bateria), Mariana Sofía (baixo) e Velez (teclado), são (ir)responsáveis por um pop não-convencional, divertido, quase infantil, mas também lírico e, por vezes, tocante.

Como a voz de Andrés Acosta belíssimamente nos previne: somos de papel mojado / ten cuidado / lo que hablas con extraños.

O verso está no primeiro EP deles (Epep), lançado em 2011, com temas que variam entre rocks contagiantes (e contagiosos), pop, folk, country e viajandices. 

E o melhor: tudo junto e misturado, quase sempre em uma mesma música.

Esta recém formada banda de noisy childish folk (definição dos próprios) já emplacou seu primeiro mega hit arrasa-quarteirão: Tahoma 32, com seu arranjo hipnótico, graças ao pianinho simples e genial de Velez.

                       

Os sons de flauta que flutuam em alguns momentos do disco são culpa de Andrés, que originalmente já soprava o tubinho oco com orifícios na conterrânea banda de garage punk Los Negretes - que não tardará a aparecer neste blog. ;)

Entonces,

O EP de Andy Mountains, em números: 5 pérolas distribuídas em 21 minutos. No fim, leva menos de 1 segundo pra você decidir dar mais 1 play.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

MED¡ALUNAS: UM DELE¡TE SONORO PARA AS PAP¡LAS AUD¡T¡VAS

Por @cambio_losanoff

                                                                                        Banda que dá gosto de escutar (foto: Gabriel Not)
                                                                     

Medialunas é o resultado da união musical do casal Andrio Maquenzi (ex-vocal/guitarra da finada Superguidis) e Liege Milk (baixo/vocal da Loomer e batera da Hangovers).

A receita deste croissant alternativo à brasileira:

Andrio na guitarra, dividindo os vocais com Liege, na bateria.

Recém saído do forno, o duo de Porto Alegre já lançou quatro singles oficiais e fez shows em São Paulo e Porto Alegre - onde mostrou temas novos cantados em inglês (a maioria), português e espanhol.

A seguir, CAMB¡O faz cinco perguntas à dupla de confeiteiros do rock, responsável pela mistura de ingredientes noventeiros, mas com tempero e identidade próprios, dando aquele sabor de novidade aos paladares musicais mais exigentes.

Nossas papilas auditivas agradecem.


CAMB¡O: POR QUE "MEDIALUNAS"?

ANDRIO: a Liege veio de pronto com esse nome e eu achei massa!! É sonoro.

LIEGE: sei lá, acho o nome Medialunas tão bonito. Fluiu.


CAMB¡O: O QUE HÁ NO RECHEIO DOS MEDIALUNAS?

ANDRIO: eu continuo curtindo guitarras loconas, abusando de afinações. Como os arranjos saem quase sempre de um violão, penso se soaria legal num Trees Outside The Academy, do Thurston Moore, ou numas paradas acústicas do Frusciante ou do Kevin Shields. Aí, no ensaio valendo, distorço, boto um delay e fica mais interessante ainda. hehehe Tem o lance de usar dois amps (o de baixo e o de guitarra) ao mesmo tempo, que dá uma "gordura" a mais. As letras são sobre a gente mesmo, individualmente, as relações interpessoais, a nossa própria, e sobre nossa gatinha.

LIEGE: Issaê.


CAMB¡O: QUAIS BANDAS DE ROCK IBERO-AMERICANO (BRASIL INCLUSO) VOCÊS MAIS TÊM ESCUTADO?

ANDRIO: eu fiquei um tempo ouvindo o disco Bom Dia, do Pluto (Portugal), graças aos irmãos Daitx (ProzaK) que me apresentaram. Também gosto de Sui Generis, Los Natas, Late Night Condition, El Mató a un Policía Motorizado (estes da Argentina), Los Planetas (Espanha)...


LIEGE: bandas brasileiras eu posso ficar citando aqui até amanhã... No mais, curto Los Mentas (Venezuela), El Mató, Late Night Condition, Impermeables, Asalto a un Parque Zologico, Sideria, Mr. Pissy (todas da Argentina), Jessy Bulbo (México)... uma pá de bandas! =)


CAMB¡O: COMO É TOCAR NUMA DUPLA? O PROCESSO DE COMPOSIÇÃO, PRÓS E CONTRAS...

ANDRIO: pra mim está sendo ótimo. A gente gosta das mesmas coisas e se permite experimentar umas doideiras durante o processo e criação dos sons. Num vi nada de contra ainda. heheheh

LIEGE: é bom que geralmente estamos perto um do outro quando surge a ideia. É bom porque somos sempre parceiros pra tudo, não tem tempo ruim. É mais fácil também financeiramente falando, pra viajar, por exemplo. Além do que, uma tour é sempre uma "tour de mel". Ainda não conheço os contras também. :)


CAMB¡O: E QUAL A DUPLA FAVORITA DE VOCÊS?

ANDRIO: Michael Sullivan e Paulo Massadas.

LIEGE: Beavis and Butthead.

                       

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

DAV¡LA 666: OS MENUDOS DROGADOS

Por @cambio_losanoff
                                                                                       - Perdeu, mano! Agora canta! dança! sem parar!, ok?
                             

Porto Rico.

O que vem à sua mente quando você ouve falar deste pequeno país caribenho?

Ricky Martin?... Não mais. 

Conheça os auto-intitulados Menudos drogados: a banda de garage-punk Davila 666.

As referências dos cinco endiabrados porto-riquenhos de San Juan são claras desde os primeiros acordes: 

Stooges, MC5, Ramones...

Mas há também ecos shoegaze de bandas como Jesus and Mary Chain, nas canciones mais lentas e melódicas. Mas sem jamais tirar o pé da distorção, por supuesto.

Os temas podem fazê-lo entrar num pogo de festa punk (Patitas) ou se afundar em lamentos de corações destroçados (¡Diablo!). 

Destaque para a ótima Esa Nena Nunca Regresó (em vez de me alongar sobre ela, deixo-lhes o vídeo, abaixo =).

As acima citadas - e mais 11 pérolas com produção à la 'som de fita K7' - estão no 2o disco deles, Tan Bajo ("Tão baixo"), lançado este ano. A estreia foi com um álbum homônimo, de 2008.

Se você duvida o quão baixo Davila 666 pode chegar, acredite: para esses sujeitos, o Inferno é o limite.


                     

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O ROCK XAMÂN¡CO TE CHAMA

Por @cambio_losanoff                    

                                                                                         Bruxo? Mago? Feiticeiro? Pagé?

A definição de xamã, segundo os antigos sibérios: aquele que enxerga no escuro (gracias, wikipedia =).

A frase também nos ajuda a entender o que é o som dos argentinos Shaman y los Hombres en Llamas.

O projeto de Shaman Herrera (e sua indefectível voz - mais violão), Tomás Vilche (baixo) e Tulio Simeoni (bateria), surge em La Plata, no início dos anos 2000.

Um folk denso, climático, sombrio, poético, inspirado e inspirador.

Lançam o primeiro álbum cheio (de viagens alucinógenas) En el Mundo de Fuego (2008) e voltam agora com um trabalho magnífico, talvez o mais bonito que você não escutou este ano:

Shaman y los Hombres en Llamas, o disco.

A cavernosa voz de Herrera, carregada de emoção, parece evocar espíritos do passado ao mesclar-se em perfeita harmonia com os arranjos, prontos para levá-lo a novas e insólitas dimensões.

A ancestralidade musical dos platenses vai de Beatles a Pink Floyd, de Kubrick a Spinetta, de Nick Drake a Charly Garcia, de Asimov a Edgard Allan Poe.

Apague a luz, aumente o som, relaxe e deixe-se guiar pelo ritual xamânico dos homens em chamas.

Eles te chamam.

CH¡CO UN¡CORN¡O: CAFÉ DA MANHÃ DO PERU!

Por @cambio_losanoff
                                                                                       - ¿Qué pasa, Chico?                                            

Nada como abrir os trabalhos deste blog com um reforçado café da manhã. No caso, um desayuno peruano, preparado pelo artista Chico Unicornio.

Segundo o próprio, Chico Unicornio nasceu no meio de um sonho, quando um estranho senhor de barba branca começou a me chamar assim, enquanto corríamos.

canción é Desayuno, single lançado a poucos dias, com direito a video oficial:


                          


Além desta jóia pop lo-fi de ares yolatengos, o enigmático músico de Lima já contava com um EP (Triángulo - 2010) de pegada mais folk, e outro single, Volver.

Segundo a lenda dos mitológicos equinos de chifre em espiral, apenas as pessoas puras podem tocá-los.

Entre em contato com a obra deste músico-unicórnio e descubra o nível de pureza dos seus ouvidos. =)

Ouça o EP Triángulo e + aqui.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

camb¡o #11

¡Están abiertas las venas rock de América Latina!

Ouça aqui o programa Camb¡o, o melhor do novo rock e pop under ibero-americano.

Produzido e apresentado por Marcus Losanoff na Rádio Microfonia e retransmitido pela Rádio Cocoa, do Equador.


A ideia do programa - e deste blog - é incentivar o intercâmbio cultural e, sobretudo, uma maior integración entre países latinoamericanos, além de Espanha e Portugal, utilizando a música independente como instrumento.

Nesta edição do Camb¡o, bandas de toda América Latina, mais Espanha.

Ao fundo, de background, uma coletânea de clássicos da banda de rock chilena Los Prisioneros, o disco Antología – Sus Histórias y Sus Exitos.

Cambio11 by Marcus Losanoff

Playlist:

1- Fiesta popular – Babasónicos (Argentina)

2- Henry don’t got love – Le Butcherettes (Mexico)

3- Odio – Los Odio (Mexico)

4- Mi estratégia vital – Grushenka (España)

5- Colorful – Medialunas (Brasil)

6- Capuchas de lluvia – Papa Topo (España)

7- A mi no me engañas – Marciano’s Crew + Contra las Cuerdas (Argentina/Uruguay)

8- Caminante – Papa Chango (Ecuador)

9- El perdón – Victoria Mus (Chile)

10- Por no estar – Miss Garrison (Chile)

11- Maldito – Jessy Bulbo (Mexico)

12- Experimento humano – Muñecas Rotas (Bolívia)

13- Pecho de paloma – Superaquello (Puerto Rico)

14- Cartas na manga (demo) – Superguidis (Brasil)

15- Navidad en los santos (ao vivo) – El Mató a un Policía Motorizado + Superguidis (Argentina/Brasil)

Camb¡o: pequeno passo para a música, grande passo para a difusão do rock independente ibero-americano.
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